Histórias: Tatiane Bezerra dos Santos, 32 anos
Tatiane Bezerra dos Santos, 32 anos
Líder de produção – T. Christina confecções
Quando tinha 12 anos, a Tatiane passava parte das férias na casa da madrinha, que era costureira. De tanto observar a madrinha, acabou pegando gosto pela coisa e o destino ajudou: a família dela alugou uma casa nos fundos de uma oficina de costura.
Foi com a dona Lourdes, da oficina, que a Tati aprendeu o ofício que tanto ama. Aprendeu a arrematar, os macetes das máquinas, tudo. Ficou sete anos trabalhando e aprendendo com a Dona Lourdes. Começou como arrematadeira, jovem aprendiz, e só saiu aos 19 anos, em busca de mais desafios. “Aquele período foi um verdadeiro estudo, foi onde aprendi quase tudo que eu sei.”
Depois que saiu daquela oficina, não parou mais. Trabalhou em duas outras, fez confecção de calcinhas, até chegar na T. Christina, onde trabalha hoje.
Há oito anos faz roupas de ginástica: top, calças e shorts. Tudo no cargo de líder de produção, ou seja, quando chega uma peça piloto na fábrica, é ela que avalia quem vai fazer o trabalho, quem vai operar qual máquina e ensina quem precisa aprender. Ensinar é, inclusive, a parte preferida do trabalho da Tati. “O mais lindo é ver a pessoa fazendo melhor do que o que eu ensinei, isso me enche de amor.”
Cada peça piloto que chega, é um desafio novo. Para confeccionar uma simples calça de ginástica, precisa da ajuda de dez meninas, que podem fazer até 600 peças num dia. Já uma calça mais complexa pode precisar de uma equipe de 20 costureiras e pode levar até três dias. “Quem vê na vitrine nem sonha toda a equipe que preparou aquilo, o tempo que levou.”
Já a Tati, quando passa na vitrine, se enche de orgulho do trabalho bem feito que fez. Vez ou outra saca o celular do bolso e tira foto da peça para mandar pra irmã, que mora em outra cidade: “linda né? Fui eu que fiz!” Ela diz, e conta que algumas meninas até compram as peças, só pelo prazer de ter uma roupa toda costurada por elas mesmas. “Agora, se a peça deu muito trabalho, chega a dar raiva!” e cai na risada.
A Tati não passa mais férias na casa da madrinha há muitos anos, mas continua querendo estar perto da família por isso, nas folgas, costuma ir até a casa da mãe, no interior de São Paulo. Leva o marido e os filhos: o mais velho, de 13 anos, e a pequena de 1 ano e nove meses. “Às vezes eu encontro a dona Lourdes e eu falo pra ela: ‘graças a senhora hoje eu sou líder de produção!’ Ainda bem que eu tive a oportunidade de aprender esse ofício cedinho, porque tudo que aprendi eu uso hoje.” “Eu adoro ensinar as meninas, e quando ensino, sei que não é só para a empresa que ela está aprendendo o ofício, é para a vida toda, ela sempre vai saber fazer aquilo para ela e para os outros.”