Histórias: Maria José da Silva, 49 anos

Maria José da Silva, 49 anos
Coordenadora de Confecção – Mash

“Minha avó costurava na mão, fazia vestidinhos para a minha boneca. Eu ficava ao lado, só olhando.” Quem conta isso é a Maria José da Silva, conhecida como Josi. Um dia, a avó da Josi comprou uma máquina de costura dessas de pedal e as coisas mudaram: ela começou a ajudar. A avó cortava o tecido e a Josi costurava. Foram muitos vestidinhos confeccionados pela dupla, para ela e para as bonecas dela. 

Naquela época a família toda morava em Jupi, uma cidade de menos de quinze mil habitantes no Pernambuco, e a Josi secretamente sonhava em ir para São Paulo. “Eu queria outra vida: andar bonita na cidade grande.” 

Quando ia fazer 14 anos, uma tia deu o sonho de presente pra ela e lá foram as duas de ônibus para a terra da garoa. A viagem foi longa, durou uns três dias, e a Josi só se lembra de passar muito mal. O importante é que chegaram sã e salvas e a tia, a partir de então, virou a sua guardiã na cidade grande.

Maria José começou a trabalhar cedo, num depósito longe de onde morava em São Paulo, e no caminho sempre passava por uma fábrica grande, que hoje é a Mash. Ficou sabendo que lá tinha muitos benefícios, que era um lugar bom de se trabalhar, e passou a sonhar em trabalhar nessa fábrica. Precisou esperar completar 18 anos para tentar uma posição. 

Muita coisa aconteceu até que a Josi conseguisse sua vaga na Mash. Hoje, já faz quase trinta anos que chegou. Agora ela já nem costura mais, o seu papel é organizar tudo para a produção das peças. Como coordenadora de confecção, ela monta as equipes, seleciona os funcionários para cada papel e ajuda no que precisar. E como curte a sua função! “Já poderia ter me aposentado, mas eu não paro porque gosto muito.” ela diz.

Para confeccionar uma cueca, por exemplo, ela precisa selecionar 10 pessoas. Cada grupo de pessoas que ela organiza é chamado de “célula”. A célula para fazer um pijama é, como se imagina, maior do que a da cueca. São em média 15 pessoas que fazem de 200 a 250 pijamas por dia. Isso tudo com a ajuda de muitas máquinas diferentes, de 10 a 12, que operam sete horas por dia e nada mais, conforme às leis trabalhistas.

Depois do expediente, a Josi se diverte passando nas lojas e arrumando as vitrines com as peças que ela e sua equipe fizeram. “A gente faz com tanto amor e carinho, elas tem que estar lindas!” Comenta rindo. 

No tempo livre, a Josi gosta de passear com o filho mais novo e procurar restaurantes diferentes fora de São Paulo, em Atibaia, Guararema. Ela tanto gosta de sair da metrópole, que agora o seu sonho é se mudar pro interior, ouvir o barulho da água caindo e sentir muita tranquilidade, quiçá a mesma que sentia quando via a avó costurar lá em Jupi.