Histórias: Janete de Farias, 40 anos

Janete de Farias, 40 anos
Operadora de máquina estampadeira – Mash

A mãe da Janete é costureira. Apesar de nunca ter ensinado o ofício para os filhos, que são em cinco, ela costurava todas as roupas deles. Janete lembra que via um vestido bonito em uma vitrine e a mãe falava: “vou fazer um desses pra você” e fazia. E ficava lindo.

A família de Janete é de São Raimundo Nonato, uma cidade de 35 mil habitantes perto de Teresina, no Piauí. Por não encontrar trabalho registrado por lá, aos 21 anos Janete veio com a irmã mais velha para São Paulo, a caçula ficou. O irmão e a outra irmã já moravam na cidade grande e ajudaram com a mudança. Ajudaram também a arrumar trabalho para ela. 

O primeiro serviço foi em uma transportadora, que ficava longe de onde morava e mal tinha condução para a volta. Por conta dessa dificuldade, em três meses trocou de trabalho e veio para a fábrica onde trabalha hoje. Já faz sete anos. A fábrica é perto de onde mora, Janete é registrada, com todos os direitos da CLT, e recebe um bom salário.

“Gosto muito do que eu faço, não me vejo em outro lugar, é um serviço bem tranquilo.” Janete é operadora de máquina estampadeira, isto é, ela traz a graça para uma roupa lisa por meio de estampas. A máquina que opera é grande e quente e é preciso ter muito cuidado, mas a Janete é super cuidadosa e já conhece o serviço com a palma da mão.

Ela aplica estampas em bermudas, pijamas, máscaras. A máscara é a peça que ela menos gosta de fazer porque é menorzinha, dá mais trabalho, e a estampa é de time de futebol. “Eu não ligo para futebol então não me incomodo, na verdade até acho o verde bonito.” Ela ri. A bermuda é a peça mais tranquila de se fazer, mas ainda assim, precisa de três pessoas para ajudá-la na operação. 

Depois que sai do trabalho, Janete vai para casa cuidar do filho, de seis anos, e ficar com o marido. Ela também cuida da gatinha, que encontrou saindo do trabalho. “A Lilica era filhotinha e estava sozinha na rua, no meio de uma chuva. Não aguentei e levei pra casa.” Janete gosta tanto de bichos, que se precisasse escolher outro trabalho, cuidaria de animais. 

No tempo livre, Janete vai para a casa da irmã, porque lá o filho pode brincar com os primos e ela, curtir com a família. Aos domingos, vai para a igreja: “minha semana não é a mesma se eu não for na igreja domingo. Tudo começa melhor.” 

Janete não gosta de shopping, mas vai às vezes para comprar o que precisa. De vez em quando, compra uma peça que ela estampou, dá para o filho e fala para ele: “mamãe que fez essa cueca pra você!” Ela conta que gosta mais de dar presentes do que recebê-los. Janete não liga muito para moda, e o seu sonho é o mesmo de muita gente: ter uma casa para chamar de sua.