Histórias: Genilda da Silva de Arruda Sales, 48 anos

Genilda da Silva de Arruda Sales, 48 anos 
Piloteira – Inter Textil

A Genilda é piloteira numa fábrica de roupas. Isso significa que ela tira do papel uma peça piloto, fazendo o molde para roupas que serão fabricadas. “As peças ganham vida nas minhas mãos.” diz, cheia de orgulho.

Antes de chegar nas mãos dela, uma peça passa pelos trabalhos de estilistas e de modelistas, que são do campo das ideias: pessoas que imaginam, pesquisam e fazem o modelo da roupa que querem lançar.

Quando a ideia chega na Genilda, todo mundo sabe que vai sair coisa boa. E caprichada. É que ela é conhecida por fazer trabalhos bem feitos, de forma ágil. Foi assim desde o começo e o casal que a empregou pela primeira vez pode confirmar.

Há 23 anos, Genilda foi chamada para cuidar dos filhos desse casal. Acontece que eles acabaram precisando que ela passasse algumas roupas, e foi aí que ela brilhou aos olhos dos dois: as roupas ficaram impecáveis. Não perderam tempo e a convidaram para trabalhar de passadeira na fábrica deles.

A Genilda já tinha curiosidade em aprender a costurar. Então, aproveitava a hora do almoço na fábrica, pegava alguns retalhos e sobras da oficina, e ficava ensaiando o ofício de costureira. De tanto ensaiar, aprendeu.

Depois daquela oficina, vieram outras e agora ela trabalha numa fábrica de roupas íntimas que adora. “Amo desafios, quanto mais complexa for a peça, melhor.” E para ajudar em cada processo, conta com uma equipe de outras quatro mulheres no mesmo setor. O tamanho do time pode variar: ela pode precisar de 15 pessoas de vários setores só para fazer um sutiã, já que são muitas etapas e muitas máquinas envolvidas. “Cada peça é cheia de detalhes e feita com muito cuidado e atenção.”

Ela faz cerca de oito a 10 peças por dia, numa jornada de oito horas, e opera cinco ou seis máquinas diferentes nessas feituras. “O meu trabalho não é cansativo, é prazeroso. O que me cansa mesmo é o deslocamento.” Também, mora a 1h50 do trabalho.

Às vezes, nesse longo deslocamento, encontra sutiãs e calcinhas que confeccionou nas vitrines das lojas. É uma alegria só. Outro dia ela não aguentou: “comprei uma peça de presente para a minha amiga Fran e contei que eu que tinha feito. Ela amou! Depois me mandou foto vestindo a peça.”

Sabe aquele casal que a empregou pela primeira vez? Depois de 23 anos, Genilda conseguiu localizar a mãe de um deles para agradecer. “Aprendi tudo com eles. Sou muito grata.” Os dois, que haviam se mudado para o Paraná, quando souberam, ligaram a convidando para se mudar para lá. Genilda agradeceu muito, mas não larga a vida atual.